Fundadora da atc, Niyati Telma, dá o seu depoimento sobre a Publicidade nos anos 80

 

Conversamos com a Niyati Telma, uma das fundadoras e ex-sócia da atc, sobre o início da nossa história. Vem viajar no tempo com a gente!

“A minha paixão sempre foi a propaganda. Cheguei de Recife em 1981, e o Zu (Antônio) me chamou. Eu queria abrir uma loja, estava toda animada, mas o meu negócio não era loja, o meu negócio era propaganda. Eu não queria ser empresária, eu queria ser publicitária.

Eu vinha de uma agência de Recife que era premiadíssima, até ganhei alguns prêmios e aprendi muito lá. Terminei a faculdade de Publicidade em Recife, escolhi Publicidade desde o início. Quando cheguei aqui, recebi a visita de um Galego simpático que me convidou pra conhecer outra Galega dos olhos azuis e lá vai a Neguinha no meio para começar uma agência. Eu seria redação, Lia, diretora arte, com todas as dificuldades, e o Zu seria o comercial. Então era perfeito. Como seria o nome dessa agência? Pensa, vai… TAL. Não tem nada a ver com arrogância esse “TAL”, tem a ver com Telma, Antônio e Lia. Eu era o T, o tesão da TAL.

E o que aconteceu foi que a gente enfrentou um desafio muito grande, éramos duas mulheres no meio de um mercado totalmente masculino. Não era pouco não, era totalmente. Todos os clientes eram homens, a produção era homem, tudo era homem. A gente era muito jovem e recém-chegada no estado, ela é gaúcha e eu alagoana, mas criada em Pernambuco. Eu lembro que uma vez eu cheguei em um jornal e falei “a gente tá esperando há horas aqui” e me disseram “se não quiser, faça em outro canto”. Eu não me sentia respeitada.

Vou dar um salto no tempo aqui: Quando foi para decidir quem ia fazer a campanha de Aldebaran, eram todas as outras agências masculinas, e a gente ganhou com o nome “Aldebaran”, porque quem ganhasse o nome, ganhava a campanha. Inclusive, é um orgulho muito grande a nossa agência ter criado esse nome. Além do “alde” ter a ver com aldeia, é a estrela verde da constelação de Touro. Helinho (Hélio Vasconcelos) ficou encantado, a gente ganhou a campanha inteira por conta do nome e os homens ficaram meio putos porque as duas meninas ganharam. Então foi um desafio muito grande, mas a gente nunca pensou em desistir porque fizemos coisas muito boas, para o Arca, o Apeal, e o mercado começou a acreditar na gente.

A gente fez mercado imobiliário, a Droganorte, fizemos uma campanha muito legal para eles, com faixas em todas as datas comemorativas. Foi inesquecível a faixa que o Cabral (Diretor de arte) criou onde não se conseguia ler nada porque simulava a escrita do médico. A gente era muito ligado em criação, estratégia, marketing, a gente não fazia uma propaganda desatrelada do marketing, fazíamos uma propaganda completa, a gente estudava o cliente. O lançamento do cartão do hospital Sesi foi uma coisa de tanto sucesso que eles não tiveram como atender tanta gente, foi uma campanha incrível, por trás desse cartão tem um hospital inteiro, era muita vibração, paixão, foi muito bom.”

Você também pode ouvir a própria Niyati contando, dá o play!